Amanheceu, naquele dia, transformada em um ser humano. Sem as oito pernas e asas, não conseguia andar rente ao chão, subir pela paredes, tampouco voar. Sem antenas, não podia comunicar-se com as outras. Manteve-se, por isso, encolhida a um canto da caixa de esgotos. Todas evitavam-na horrorizadas, ou por medo ante um inimigo tradicional, mesmo pequeno, ou por sua aparência repulsiva. À noite, suas duas únicas pernas e dois braços impediam-na de subir pelas tubulações gordurosas. Comia apenas restos, deixados pelas demais. Não conseguiu adaptar-se ao lugar, à solidão, tampouco resistir à fome e à umidade. Morreu dias depois. Apodreceu e foi comida pelas semelhantes.
segunda-feira, 28 de abril de 2008
ANTIKAFKA
Amanheceu, naquele dia, transformada em um ser humano. Sem as oito pernas e asas, não conseguia andar rente ao chão, subir pela paredes, tampouco voar. Sem antenas, não podia comunicar-se com as outras. Manteve-se, por isso, encolhida a um canto da caixa de esgotos. Todas evitavam-na horrorizadas, ou por medo ante um inimigo tradicional, mesmo pequeno, ou por sua aparência repulsiva. À noite, suas duas únicas pernas e dois braços impediam-na de subir pelas tubulações gordurosas. Comia apenas restos, deixados pelas demais. Não conseguiu adaptar-se ao lugar, à solidão, tampouco resistir à fome e à umidade. Morreu dias depois. Apodreceu e foi comida pelas semelhantes.
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