Naquela
manhã de alto verão, ao chegar no cemitério, viu trabalhadores cortando a
frondosa árvore próxima do túmulo de seu filho. Ela protestou.Os operários não
interromperam o serviço, feito sob sol forte. Sugeriram-lhe que fosse reclamar
na administração. Foi.
-
A retirada da árvore precisa ser feita, minha senhora. As raízes estão forçando
as tubulações subterrâneas de água e podem rompê-las- explicou o administrador.
Ela
decidiu queixar-se ao secretário de obras, chefe do administrador. Ele explicou
que nada poderia fazer, por ser o serviço técnicamente necessário. Resolveu,
então, reclamar ao prefeito, amigo da família ,que a recebeu em seu gabinete.
Após
consulta ao secretário de obras, o prefeito disse-lhe que não poderia atendê-la.
-
Mas não se preocupe. No lugar da árvore, mandarei fazer um lindo canteiro de
flores- consolou-a.
Não
argumentou. O prefeito não a entenderia; ninguém, a entenderia. No outro dia
amanheceu,, fincado na lateral da tumba,
um objeto que ficaria ali, por todo o verão: um guarda-sol.
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