Ananias,
dono do depósito de sucatas, era sovina. Não casou, não teve filhos e morava na mesma casa velha que servia de escritório a
seu estabelecimento . Tinha apenas um funcionário, jovem meio retardado, que trabalhava como vigia
noturno.
Para
seu ferro-velho acorriam todos os vagabundos e miseráveis do bairro,
oferecendo-lhe vidros, sucatas, latas vazias e outros materiais,pelos quais
pagava alguns centavos por quilo e que depois ficavam desorganizadamente amontoados no terreno.
As
latas chegavam em grande quantidade, principalmente porque os moleques do bairro
participavam do fornecimento. Ananias não tinha prensa,nem funcionário que
fizesse o trabalho e por isso, exigia que as latas fossem entregues amassadas.
Os moleques,então, colocavam areia dentro das latas, que ficavam mais pesadas.
Depois
de muito tempo tendo prejuízo, Ananias descobriu a fraude. Passou a comprar
apenas latas intactas. Quem as amassaria,
então, para posterior entrega aos atacadistas? A solução encontrada, é óbvio,
foi a que não lhe aumentaria os custos: o vigia passou a fazer o serviço à noite, entre uma ronda e outra.
Então,
enquanto o vigia não estava fazendo a ronda, os moleques furtavam sucatas que ,
no outro dia,eram, vendidas para o próprio Ananias.
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