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Vim aqui , Rouxinol, pedir para você voltar a cantar no bar. Sei que não
precisa daquilo, mas o pessoal sente sua falta.
Era
o dono do bar , o mesmo que dissera a
Rouxinol, um mês atrás, que ele não
podia mais se apresentar porque seria
substituído por uma banda jovem, de guitarras elétricas.” A
gente precisa se modernizar, né?”, justificara, então.
Rouxinol,
aposentado, não precisava daquilo, mesmo. Mas gostava de cantar, no varandão em frente do boteco, sambas canções, boleros, sucessos da MPB, serenatas. Tinha uma linda voz ( daí o apelido),
tocava bem violão.Em troca, exigia
apenas cerveja e tira-gosto de graça.
Ficou
de dar, depois, uma resposta sobre sua volta. Então soube, por um amigo,que a banda
jovem aumentara o movimento do bar. Mas os novos freqüentadores eram garotos, adolescentes, sem dinheiro. Ocupavam todo o varandão, dançavam,
faziam muito barulho, mas não consumiam nada. E os fregueses antigos, de mais
idade e avessos às modernidades, passaram a consumir suas cervejas e tira-gostos em outro boteco.
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Para complicar, sábado passado, a banda não se apresentou porque faltou energia
elétrica no varandão e não puderam ligar as guitarras- informou o amigo.
Rouxinol entendeu, então, porque o chamavam,
de volta. Recusou. Não precisava daquilo, mesmo.
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