Alto, curvado, magro,
ossos sobressaindo sob as roupas, cabeça
grande, careca,face de olhos encovados e lábios grossos; andar arrastado, uma
das pernas duras. Quando aquele homem, de idade indefinida ( 40, 50 anos?)
começou a trabalhar na zeladoria da escola, despertou receios. Os pais
aconselhavam os filhos a manterem distância dele; as crianças mais novas tinham
medo; os adolescentes, com a irreverência de sempre, apelidaram-no de “ Seu”
Caveira.
A época era propícia a
paranóias, já que há algum tempo a cidade vivia sobressaltada com a ação de um
assassino em série que já matara três estudantes, crimes cometidos sempre perto
de suas escolas. Não só a aparência, mas o comportamento furtivo de “ Seu” Caveira
contribuíam para estigmatizá-lo.
Certa tarde, a emissora
regional de TV, de grande audiência, passou reportagem anunciando a prisão do assassino. A imagem
inicial, mostrava policiais ladeando, para espanto, e talvez não surpresa, da população
daquele bairro, a sinistra figura de “Seu” Caveira. O delegado titular
adiantou-se:
- Antes de apresentar o
criminoso e falar sobre as investigações, gostaria de ressaltar o trabalho de
um policial cuja experiência e intuição
o levaram a prever o local em que o assassino atuaria. Após um mês de
camuflagem e paciência, conseguiu prendê-lo no momento em que se preparava para
cometer novo crime.
Após dizer isso, o
delegado pediu que o policial se apresentasse às câmeras. Era o “ Seu” Caveira.