Do
alto de um pequeno morro, oculto por arbustos, Bruno olhava para a pequena trilha
metros abaixo. Tivera a informação de que um grupo de cangaceiros passaria por
ela e isso realmente estava ocorrendo. Sete bandoleiros,a pé, em fila indiana.
Batedor de uma força volante, grupo de policiais encarregado de combater aqueles
bandidos, Bruno não tinha ordens para nenhuma outra ação a não ser obter as informações estratégicas necessárias
e levá-las ao comando de seu pelotão, acantonado alguns quilômetros atrás.
Por
precaução,amarrara sua égua na base do morrinho e mantinha o fuzil apontado
para a trilha.Somente se algum cangaceiro
notasse sua presença, dispararia e, em meio à confusão, teria tempo de
descer, tomar da montaria e escapar.
Direcionava sua mira para cada um dos bandoleiros que passava, até ele sair de seu ângulo de
visão. A seguir,apontava a arma para o segundo, o terceiro, assim por
diante.Então,chegou ao último. E era ele: Lampião em pessoa. A lenda que o fascinava desde garoto e assombrava todo o sertão há
mais de 10 anos materializava-se à sua frente,na mira de seu fuzil .Dali
poderia abatê-lo. Tinha boa pontaria. Bastaria um tiro.Desobedeceria a ordem de
não agir,mas teria a compreensão de seus comandantes. E entraria para a História como o homem que
matou Lampião.
Mas,
à simples visão do rei do cangaço, tremeu.O coração disparou e a arma parecia querer saltar-lhe das mãos.Controlou-se
,preferiu aguardar, em silêncio o grupo sumir de vista e retirou-se dali. A
força do mito fora maior do que suas forças.
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