segunda-feira, 28 de janeiro de 2019

A força do mito


Do alto de um pequeno morro, oculto por arbustos, Bruno olhava para a pequena trilha metros abaixo. Tivera a informação de que um grupo de cangaceiros passaria por ela e isso realmente estava ocorrendo. Sete bandoleiros,a pé, em fila indiana. Batedor de uma força volante, grupo de policiais encarregado de combater aqueles bandidos, Bruno não tinha ordens para nenhuma outra ação a não ser  obter as informações estratégicas necessárias e levá-las ao comando de seu pelotão, acantonado alguns quilômetros atrás.
Por precaução,amarrara sua égua na base do morrinho e mantinha o fuzil apontado para a trilha.Somente se algum cangaceiro  notasse sua presença, dispararia e, em meio à confusão, teria tempo de descer, tomar da montaria  e escapar.
Direcionava sua mira para cada um dos bandoleiros que passava, até ele sair de seu ângulo de visão. A seguir,apontava a arma para o segundo, o terceiro, assim por diante.Então,chegou ao último. E era ele: Lampião em pessoa.  A lenda que o fascinava  desde garoto e assombrava todo o sertão há mais de 10 anos materializava-se à sua frente,na mira de seu fuzil .Dali poderia abatê-lo. Tinha boa pontaria. Bastaria um tiro.Desobedeceria a ordem de não agir,mas teria a compreensão de seus comandantes. E  entraria para a História como o homem que matou Lampião.
Mas, à simples visão do rei do cangaço, tremeu.O coração disparou e a  arma parecia querer saltar-lhe das mãos.Controlou-se ,preferiu aguardar, em silêncio o grupo sumir de vista e retirou-se dali. A força do mito fora maior do que suas forças.   

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