Na
lanchonete do segundo pavimento do shopping, ele notou que, da mesa onde
estava, devido a vários obstáculos, só conseguia ver , das pessoas na escada
rolante,a parte entre a cintura e os joelhos. Eram visíveis através de uma faixa
transparente da proteção lateral da escada. Só dava para ver as pessoas de
corpo inteiro quando chegavam ao topo.
Então,
enquanto bebericava um cafezinho, dedicou-se a um passatempo a seu ver excitante: observar os contornos do sexo feminino; o triângulo
entre as coxas , frequentemente acentuado por roupas justas.
Havia
os adiposos, que amarfanhavam os tecidos; ou os magros, quase imperceptíveis. Na
maioria dos casos, a conjunção roupas/carnes formava os triângulos do desejo.
Um
ingrediente dava mais excitação a seu exercício visual: esperar a mulher chegar
ao topo, para, então, avaliar, como era hábito dizer, o material completo.
Então
ele apareceu. O triângulo mais perfeito que já vira. Ficou imaginando o sexo escondido
por aquela perfeição geométrica no
tecido. A escada subia lentamente e ele não sabia o que mais o deixava
excitado: a sensualidade do desfile ou a expectativa pela chegada da jovem ( sim,
só podia ser uma jovem) ao final, permitindo-lhe conhecer o monumento em sua
integralidade.
A
lenta subida terminou e ele, enfim, visualizou a dona do triângulo perfeito: era
a sua filha.
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